Os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento e o Banco Central discutem a adoção de novas medidas para financiar as exportações, caso o uso das reservas cambiais e o repasse de mais R$5 bilhões ao BNDES não surtam efeito em 90 dias. Preocupado com o previsível aumento da demanda por adiantamentos de Contratos de Câmbio (ACC) e sobre Cambiais Entregues (ACE), o governo estuda formas de ajudar os exportadores, que não obtêm mais crédito no mercado.
Pela situação atual, estariam comprometidos 40% das vendas externas brasileiras, cerca de US$60,3 bilhões, tendo como base as receitas apuradas de janeiro a setembro (US$150,868 bilhões).
O percentual se refere à parcela das exportações que depende totalmente de financiamento. Entre as medidas em análise, o aumento dos recursos para equalização de juros do Programa de Financiamento às Exportações. Discute-se ainda o repasse de novas verbas adicionais ao BNDES.
O que diferencia o ACC do ACE é que, no primeiro, o exportador recebe antes de embarcar a mercadoria, como apoio à produção. No segundo, após o embarque, como antecipação do pagamento. As modalidades somam cerca de R$24 bilhões, 20% do total exportado pelo país. Para técnicos do governo, vai faltar dinheiro.
Os ministros do Desenvolvimento (Miguel Jorge) e da Fazenda (Guido Mantega) convenceram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que, sem dinheiro, não haverá como atender a pedidos de empresas. Lula deu três orientações: deve-se levar em conta que o regime cambial permanecerá flutuante, o país não pode perder credibilidade e não aceitará medidas heterodoxas. (Eliane Oliveira)
Fonte: O Globo