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  • Governo apóia produção de adubo orgânico com resíduos de madeireiras do MT

  • Atualizado dia: 03/07/2007 ás 07:23
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    Agricultores familiares do município de Nova Santa Helena (MT) estão transformando um problema ambiental em produto orgânico e em renda com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Desde 2006, a Cooperativa de Agricultores Familiares do Território Rural de Alta Floresta (Coopafam) aproveita o lixo de serrarias da região para produzir adubo orgânico para outras associações de agricultores familiares e para iniciativas de reflorestamento em cidades e assentamentos.

    A serragem é o principal resíduo gerado pelo corte e beneficiamento de madeira e é considerado um grave problema ambiental no Norte do Mato Grosso, devido à sua composição química. Por levar cerca de 10 anos para se decompor ao ar livre, ela não pode ser jogada no meio ambiente, em sua forma bruta, pelas serrarias. Com isso, há toneladas de restos de madeira em galpões na região.

    Foi em meados de 2005 que os agricultores familiares enxergaram oportunidade onde havia problema, conta o presidente da Coopafam, Luiz Gonzaga Ferreira da Silva. “Durante as reuniões do Conselho de Desenvolvimento Sustentável do Território Rural Portal do Amazonas, propusemos a criação de uma usina de compostagem para produzir adubo orgânico com os resíduos das serrarias. Não teríamos custo com matéria-prima, até porque temos serragem para usar por pelo menos 15 anos na região e as madeireiras às vezes pagam o transporte para retirar os restos dos galpões”.

    Dez anos em três dias

    A cooperativa foi fundada em 12 de maio de 2006, com 97% de agricultores familiares entre os seus integrantes. Em 5 de outubro do ano passado, a usina de compostagem foi inaugurada, com investimento de R$ 97,6 mil do MDA – através de recursos do Programa Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais (Pronat). Foram R$ 9,7 mil de contrapartida da prefeitura.

    Também secretário de Agricultura e Meio Ambiente do município, Silva ressalta que todos os produtos usados na fabricação são naturais e explica como funciona o beneficiamento. “Em contato com o fosfato e a cama de frango (resíduos de aviários), a serragem reage, fermenta e se transforma no adubo orgânico. Com a presença dos biocatalizadores, que são bactérias decompositoras naturais, o que demoraria 10 anos para poder ser aproveitado está pronto para uso em 72 horas”, explica.

    Há oito meses em atividade, a usina transforma o que seria lixo em renda mensal para agricultores familiares. Gonzaga destaca que o adubo orgânico é comercializado por R$ 220, a tonelada. Ele frisa que o preço é quatro vezes menor que o equivalente industrial.

    “O adubo químico custa R$ 750, em média, para o produtor da região. Mesmo com um rendimento um pouco menor, o orgânico compensa porque permanece mais tempo no solo. A absorção chega a 90% e ele melhora a qualidade do solo a médio e longo prazo”.

    Renda e dois turnos

    Hoje a Coopafam produz 20 toneladas por dia de adubo orgânico. Silva destaca que o objetivo da cooperativa agora é ampliar a produção e agregar valor. “Podemos produzir até 40 toneladas por dia se ampliarmos o funcionamento da usina para dois turnos. Precisamos também de recursos para granular o adubo para agregar valor ao produto e facilitar a aplicação pelo agricultor”.

    Preocupado com a viabilidade da cooperativa, Silva explica que a Coopafam conta com três reservas estratégicas. “Temos um fundo de resgate de 5%, um fundo de emergência de 5% e um de capitalização e investimento de 10% para manutenção de equipamentos, pois contamos com um trator adquirido também com os recursos do Pronat. A idéia dos fundos é garantir a sustentabilidade da cooperativa”.

    Avanço logístico

    Depois de contar com a parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), para capacitação dos cooperativados em comercialização, Silva destaca a necessidade da cooperativa ter seu próprio transporte, para levar o produto diretamente para os produtores.

    “Hoje, o que inviabiliza o nosso crescimento é a logística de entrega. O frete é caro, por conta da distância e do preço. Sem o caminhão, a renda do cooperativado diminui”, explica. A cooperativa já pretende pleitear recursos do Pronat 2007 para adquirir o veículo. “Sem o apoio do Pronat, não teríamos conseguido alcançar nossa meta. Os recursos foram fundamentais para a usina e para o trator”.

    O Pronat é operacionalizado pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT/MDA) e incentiva ações de desenvolvimento sustentável nos 119 territórios rurais em todo o País. A utilização dos recursos do programa são decididos nos Conselhos Territoriais entre representantes de prefeituras, governos estaduais, Governo Federal, representantes de trabalhadores rurais, entidade civis e organizações não-governamentais (ONGs).

    Agricultores beneficiados

    Silva destaca a importância do adubo orgânico para o meio ambiente na região e na geração de renda: “A importância de todo o processo é a ponta: o próprio agricultor familiar que vai ser beneficiado. A renda vai para os cooperativados da usina e para o agricultor que recebe um produto natural por preço menor, sem agredir o meio ambiente”, avalia.

    O Conselho de Desenvolvimento Sustentável do Território Rural de Alta Floresta reúne agricultores da região, gestores públicos municipais, estaduais e federais, além de agentes de assistência técnica e extensão rural e demais atores sociais para decidir sobre ações de desenvolvimento rural nos 16 municípios do território (Alta Floresta, Apiacás, Carlinda, Colíder, Guarantã do Norte, Marcelândia, Matupá, Nova Bandeirantes, Nova Canaã do Norte, Nova Guarita, Nova Monte Verde, Nova Santa Helena, Novo Mundo, Paranaíta, Peixoto de Azevedo e Terra Nova do Norte.

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